Todo mundo nasce com medo. Nós estamos lá, quentinhos na barriga da mãe
e, de repente, algumas contrações nos empurram pra um lugar frio, claro e cheio
de pessoas estranhas. Do nada, chega uma tiazona e mutila o nosso umbigo. O
máximo que podemos fazer é chorar desesperadamente. Enquanto nossos pais
olham emocionados a cena. Já pensaram nisso? O trauma que é nascer? E na
escola, no primeiro dia de aula? Simplesmente nos colocam numa sala esquisita,
cheia de outras crianças assustadas. Aliás, são nos tempos de colégio que
entendemos de vez o que é ter medo. Das notas baixas, das anotações, dos
meninos do ginásio, das boladas na Educação Física, do bullying, das decepções
e por aí vai. Quando saímos da escola, pensamos: acabaram-se as ameaças. Ledo
engano. Começam os temores da profissão, da vida amorosa, dos financiamentos em
longo prazo, da velhice. Até casar, juntar os trapinhos, viver uma vidinha
medíocre e, finalmente, nascer o maior de todos os medos: ter um filho. Porque
ser pai – ou mãe – é assumir os maiores temores da terra. Um amor que dói, mas
que conforta. E só abranda quando vemos nossas crianças adultas, donas de si.
Aí vem o receio da solidão, a ameaça do esquecimento, os temores das doenças. E
a vida segue, amedrontada, até que batemos as botas. E descobrimos, finalmente,
a cura dos nossos medos.
quinta-feira, 21 de março de 2013
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