Daí, quando me dei conta,
eu estava perdido. Pera lá! Como é que eu deixei as coisas chegarem a este
ponto? Foda! A culpa é do...da...foda-se a culpa. Tenho que sair deste poço.
Dar um jeito de chegar até aquela luz de cima. Se pelo menos alguém me escutasse. Na real,
ouvir meus lamentos, até ouvem. Mas fazer alguma coisa, nada. De vez em quando uma
alma caridosa, lá do alto, promete que vai me acudir. Aí se cansa e vai embora.
Tem também aqueles que dizem que é para eu me ajudar. Como se eu pudesse. Um
dia, uma senhora disse que me socorreria. E que, para isso, eu teria que ir até
à igreja pagar uma taxa de salvação. De que jeito, se eu estou aqui e o templo
– e o caixa eletrônico - está lá? Perdi a minha fé junto com a minha voz. Tem
horas que bate um desespero. Uma vontade de bater com a cabeça na parede até
esfacelar o que sobrou do meu cérebro. Pior que nem pra morrer eu tenho
talento. Ontem, outros caras chegaram aqui. Abastecidos até o nariz. Era o que
eu precisava. De combustível e de excessos. De doses e overdoses. Daí, quando
me dei conta, eu estava perdido. Pera lá! Como é que eu deixei as coisas
chegarem a este ponto?
quinta-feira, 21 de março de 2013
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