Quando eu era criança,
infectaram minha cabeça com os perigos de me perder. Com o medo de estar
sozinho num lugar desconhecido e o pânico de não saber pra onde ir (e vir). Até
entendo meus pais, pois eles nasceram e cresceram com a mentalidade de que deveriam encontrar
a pessoa certa, casar, passar num concurso público, procriar e acumular bens. É
a matriz florianopolitana, cidade-província cercada de água por todos os
cantos. Ilhada do mundo e, muitas vezes, do bom senso e da cultura
“continental”. Certa vez, uma moça que fazia universidade comigo postulou:
“passou da ponte é Palhoça”. Talvez, dentro do seu mundinho, ela esteja certa.
O restante do Brasil é Palhoça. Berlin é Palhoça, Madagascar é Palhoça. Pobre
provinciana. Que se alimenta com as notícias do Jornal do Almoço e engorda o
ego aparecendo na coluna do Cacau, em meio a “top DJs internacionais” e “muita
gente bonita”. É o estilo de vida que ela escolheu e eu respeito. Mas há tanta
vida lá fora. E aqui dentro, o de sempre. Talvez ela tenha medo do
desconhecido. Ou Palhoça seja assustadora demais para ela. Tem horas que nós
precisamos nos perder para nos encontrar. Cruzar a Hercílio Luz ou sobrevoar o
campo do Avaí pra saber que o mundo é bem maior do que um pedacinho de terra
perdido do mar.
quinta-feira, 21 de março de 2013
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