Se as nossas exigências fossem realmente necessárias e nossos
desejos coubessem num papel, talvez a vida fosse mais fluida. Teríamos menos
compromissos, menos posses e menos pose. Os risos matariam a fome e os versos
virariam chocolates. Sem calorias e culpas. O tempo pararia com o fechar dos
olhos. Assim, dormiríamos tranquilos todos os dias. Oito, nove, dez horas. Sem
atrasos, nem olheiras.
Pena que dificultamos tudo. Nossas exigências são supérfluas
e os desejos extrapolam laudas e laudas. A rotina, burra e previsível, implora
por risos, versos e chocolates. Investimos mais tempo em reuniões de negócios
do que em encontros com os amigos. Vivemos mais para os outros do que para nós
mesmos. Enquanto isso, o tempo segue impiedoso. Até o dia em que ele para, por
completo, com o fechar dos olhos. E deixamos de acordar.
A vida tem roteiro e nós somos inteiramente responsáveis por
nossa história. Por isso, quebre protocolos, invente uns cacos, reescreva atos
e faça como no teatro: mande algumas pessoas à merda. No bom e no mau sentido. Mas
não se esqueça: é tudo ao vivo e sem volta.
O espetáculo é breve e não permite ensaios.
A vida é simples. Nós que a complicamos.
Olha, seu texto é limpo e de uma generosidade com as palavras, incrível! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado, Helena. Muito obrigado pela leitura.
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