Vivemos sonhando com o dia em que vamos comer caviar. Sem ao menos saber  o que é a iguaria. Muito menos se vamos gostar dela de fato. A verdade é  que nós não variamos o nosso cardápio por simples acomodação. Nós não  conhece...mos  nem 5% das receitas. E nem é por falta de acesso, mas sim por  ignorância e, muitas vezes, por preguiça. Comer não é e nem deve ser  mecânico. É um prazer. Tão importante quanto o sexo.
Se  pararmos pra pensar, o ritual da comida é a única necessidade  fisiológica que o ser humano tem o costume de fazer em grupo. Até agora  nunca recebi um convite para um cocô coletivo. E espero nunca receber.  Os mais pervertidos devem estar pensando: “pera lá, tem o sexo também”.  Não. Definitivamente não. Um almoço pode ser compartilhado com a sua avó  sem problemas. Já o sexo...
Muito mais do que reunir pessoas, o  ritual da degustação deve ser encarado como, de fato, um ritual. Com  adoração, num templo adequado. E com a percepção dos aromas e dos  sabores. Hortelã, nozes, azeite de oliva, manjericão. Delícias que estão  em qualquer prateleira de supermercado e que, às vezes, deixam de  enfeitar nossos pratos simplesmente porque não temos saco para catar  folhinhas e inventar frescuras ao modo do chef. 
Folhinhas? Frescuras?
Nossa vida é uma metáfora dos nossos pratos. Pensem nisso. Tem gente  que come em cumbuca, em marmita, na panela. Tem também os que não comem.  Há aqueles que sequer olham o que estão mastigando. Até porque a novela  deve ser mais importante. Contudo, existem os indivíduos que colocam  uma pimentinha diferente no feijão, noz e manjericão na macarronada,  azeite extravirgem na torrada, com uma colherinha de cebolinha verde. 
Frescura? 
É realmente frescura pensar que um tempero novo pode mudar todo o cardápio? 
Há quanto tempo sua rotina não vê uma salsinha?
Arroz com feijão é gostoso. Mas cansa. E tem muita coisa interessante,  ao seu redor, para ser experimentada. Fica a receita. Com um toque de  pimenta.


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