segunda-feira, 5 de março de 2012

Crônica dos desejos adormecidos 2

Uma vez, em lugar muito distante, encontrei um espelho sem imagem. Atrás dele havia uma mensagem que dizia para eu esfregar a superfície. A promessa era a possibilidade de me enxergar daqui a dez anos. De pronto, segui as instruções, na expectativa de ver quem eu seria e onde estaria. Que ironia! Na imagem, eu era apenas um cara careca com bolsas debaixo dos olhos. Não vi carro potente, nem família aparente. Vi apenas um homem calvo e com rugas. Foi aí que eu percebi que os planos são apenas projeções. A maioria utópica.

Se eu encontrar este espelho novamente, vou driblar a curiosidade. E matar essa obrigação de ser a pessoa mais feliz do mundo. Porque a felicidade não é uma constante. São apenas pequenos intervalos de euforia.

Na verdade, nós temos menos obrigações do que imaginamos. E as pessoas nem estão tão interessadas nas nossas vidas. Por isso, reduza seus planos de dez anos para dez horas. Porque são elas que vão determinar o futuro, que de certo, só tem uma coisa: você vai envelhecer.

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