quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Mais dia, menos dia
Está chovendo.
E eu aqui.
Covarde e encolhido, com receio de me molhar.
Medo de sentir meu pé na grama, de ficar gripado.
É mais cômodo ficar estático, acender um cigarro e acompanhar tudo da janela.
Ou então chamar minhas filhas e comer um bolinho de chuva ao som dos trovões.
As gotas varrem o chão lá fora.
E eu na lama, dentro de casa.
Olhando as folhas serem guiadas pelo vento, tal qual minha vida,
dependente de uma brisa que me leve para algum lugar.
Mas não. Cá estou, rodeado de semanários antigos e recortes de outras vidas, em uma casa que não me pertence.
Chove lá fora. Faz frio por aqui.
Seco domingo, áspero e longo.
Mais uma oportunidade para pensar que não me enxergas.
Para entender que minhas filhas sequer existem.
Que o bolinho de chuva é apenas mais uma covarde representação de tudo o que sonhava viver contigo.
A natureza desagua.
Eu me expurgo.
Cada dia mais murcho e áspero.
Mais uma tarde chuvosa, mais pensamentos nebulosos, menos uma chance, menos um dia.
Um dia tudo isso acaba.
Um dia.
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