sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Pensamentos de esteira




Se você disser que não gosta de ópera, muitos poderão condenar seu comentário, mas não irão jogar na tua cara que você é um ignorante por não apreciar Mozart. Na real, aos poucos a sociedade está começando a aceitar que as pessoas não são obrigadas a curtir o senso comum. No entanto, tem uma coisa que ainda não parece ter sido bem digerida: a preferência de não gostar de fazer exercícios físicos. Dez entre dez pessoas atiram a primeira pedra se você diz que não curte suar. Geralmente acompanhada de uma indagação (por vezes maldosa): “mas não tem nada que você gosta de fazer (geralmente enumerando modalidades esportivas)?”. Nesta hora, se você diz um “não” enfático, vão te olhar de cima a baixo e exclamar: “então não reclama por estar gordo”. Como se fosse uma justa punição. “Bem feito, barriga de almôndega. Não gosta de se exercitar? Engula este pato e aceite-se sem reclamar!”

Por que diabos nós temos que gostar de exercícios físicos? Tá...porque é saudável, porque ganha qualidade de vida, blá blá blá e blá blá blá. Mas por que nos encher de sermões saudáveis e atléticos? Por que tanta gente simplesmente não dá a cara à tapa e diz: não curto suar! E ponto.

Não gosto de futebol, handebol, basquete, atletismo, montanhismo, academia, esteira, natação: não sinto prazer em suar. E pode, Bial? Sim, eu posso! E ninguém tem nada com isso. Também posso me reservar o direito de reclamar que estou gordo e sonhar com método prático em que eu emagreça facilmente. Por que nem tudo na vida tem que ser adquirido na base da ralação. Quero resultados rápidos e fáceis. E quem não quer?

Sobre nós e nós mesmos




As mídias sociais, na medida em que contribuem para manchar a imagem de certos perfis, constroem conceitos bem interessantes sobre as pessoas. Graças ao Facebook descobri habilidades artísticas de amigos e testemunhei íntimos momentos de felicidade, como batizados, casamentos, aniversários, preparação de bolos, macarronadas, beijos e abraços. Como se eu estivesse lá abençoando, ou curtindo, a alegria de quem me faz bem.

De certa forma, a tecnologia aproximou as pessoas. Claro que sempre vamos ouvir aquela corrente de mal amados dizendo que as mídias sociais substituem o contato físico. Já percebeu que estas pessoas são as mesmas que furam os encontros alegando falta de tempo ou disposição?

O que mais curto no Facebook é a “atualização” que ele nos permite. Hoje, aquele diálogo frio entre parentes distantes já pode ser quebrado de imediato. “Assisti ao vídeo do teu filho. Que menino lindo”, “Parabéns pela tua formatura. Ótimas fotos”, “Você sabe que eu também amo/odeio o BBB?”: são apenas alguns exemplos de abordagem.

Entre todos os benefícios das redes sociais, para mim, o mais contundente é a afirmação da identidade das pessoas. Por mais que haja muita pagação de pau, ou seja, neguinho se passando por rico, arrotando champanhe num camarote emprestado, vejo muitas facetas que tornam alguns perfis muito mais interessantes. Muitos deles revelam uma identidade que em nada se parecia com a que eu tinha na cabeça, fruto do senso comum e do preconceito. A menina “fútil” do cabelo azul, na verdade, é uma baita estilista, um poço de criatividade. O “bombado vazio” da academia trabalha pra uma ONG de adoção de animais. Entendem onde quero chegar?

Compartilhar a felicidade contagia. E as mídias sociais estão aí para isso. Obrigado por dedicar este tempo à leitura deste post. Esta aproximação me faz muito bem.