quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Azul


Meu mundo é do tamanho da minha gaiola.
Minha zona de conforto.
Aqui tenho comida, sombra e água fresca.
Proteção também. Por essas grades predador nenhum entra.

Até que você invadiu o meu espaço e abriu a porta do meu claustro.
Quanto atrevimento!
E ainda me incitou a voar.
Mas pra que bater asas? Arriscar-me em ares desconhecidos?
Aqui tenho a previsibilidade. A certeza de que tudo vai estar no seu devido lugar.
Pra que me exilar do criadouro? Pra que abdicar de tudo isso?

Assim mesmo tu me pegaste e me puseste para fora. Como um corpo expulso do ventre. Frágil e desprotegido.
Jogaste-me em outro mundo, maior e sem limites.
Aos poucos bati asas. E alcei meu primeiro voo ao desconhecido.
Acuado, planei na imensidão. Um prazer vicejante invadiu o meu corpo. Era o vento me acariciando. A liberdade de uma nova existência. Celeste, alva, alvissareira.

Vivo o improvável, o desconhecido. O claro e o escuro. O todo e o nada.
Minhas extensões mudaram e minhas asas ganharam imponência.
Não sei aonde vou e nem onde vou chegar.
Nem sei mais o que sou.
Sei que meu mundo mudou.
E tu me deste a liberdade.

Um comentário:

  1. . Tem gente lendo essas coisas, suspirando por aí...e indo dormir com a certeza de que o amor da sua vida escreveria exatamente tais palavras...e a libertaria...parabéns, és um grande poeta.

    ResponderExcluir